Maria Tereza Maldonado
É importante que os pais mostrem, no cotidiano da vida em família, que respeitam os desejos e as necessidades da criança, deixando claro que ela também precisa perceber e respeitar os desejos e as necessidades das outras pessoas da casa. Por exemplo, a mãe diz: "Passei um tempo desenhando e brincando com você, agora vou telefonar para uma amiga". Ou o pai diz: "Estou acabando de ler o jornal, depois vou jogar bola com você". É importante lembrar que há crianças que, mesmo não tendo irmãos, crescem egocêntricas, sem respeito pelos direitos dos outros.
Vários fatores entram na decisão de planejar a família com um único filho: a sobrecarga de trabalhos em tempo integral, o investimento na carreira e o equilíbrio orçamentário (para oferecer uma boa escola, cursos complementares, lazer de qualidade...). Há também os casais que gostariam de ter tido mais filhos mas não conseguiram; há os que temem ter mais de um filho porque o relacionamento é emocionalmente instável; e há ainda mulheres que resolveram ter um filho sem um parceiro estável, realizando seu desejo de maternidade.
Conheço pais que se sentem culpados e endividados por não terem dado o irmãozinho que o filho único tanto pedia. Concentrando desejos e expectativas em um só, acham que precisam indenizar a criança dando-lhe tudo o que ela pede ou girando em torno dela para satisfazer seus anseios. Como as crianças são muito sensíveis, logo percebem esses pontos fracos dos adultos e montam suas estratégias de poder, tonando-se egocêntricas e tirânicas. Sentem muito prazer com o poder de submeter os adultos aos seus desejos e perceber que eles se assustam quando elas gritam, fazem escândalos ou ameaças na frentes dos outros.
Com isso, não aprendem o valor das "mão dupla" nos relacionamentos, com toda a sua riqueza de trocas, estimulando o desenvolvimento da compreensão, da generosidade, da cooperação e da solidariedade. E crescem com a dificuldade de perceber que todos nós precisamos aprender a lidar com a falta e com a frustração: nem todos os nosso sonhos, desejos e expectativas poderão ser realizados.
Por outro lado, a maioria dos filhos únicos sente o peso da responsabilidade de "dar certo" para não frustrar as expectativas dos pais. Como não há irmãos para repartir sucessos e fracassos, a sobrecarga é grande, e, com frequência, eles constroem um padrão profundo de intenso auto-exigência.
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