quarta-feira, 14 de agosto de 2013

NOSSA VIDA NÃO TINHA DENTRO! DESCONHECIAMO-NOS!




Por Edna Palladino

"O nosso sonho de viver ia adiante de nós, alado, e nós
tínhamos para ele um sorriso igual e alheio, combinado nas
almas sem nos olharmos, sem sabermos um do outro."

Vejo isso quando estou cuidando de noivos nos cursos preparatórios.
Eles tem sonhos, mas não se conhecem. Quando um deles se mostrar, e
vão se mostrar não tenho dúvidas, o susto será grande: "se eu soubesse
que seria assim..." Ou então irão duvidar do amor: "se me amasse de verdade não me falaria desse jeito". Vão se sentir enganados: "e eu que esperava tanto que me faria feliz,
esse infeliz!".

"Éramos fora e outros. Desconheciamo-nos."

Eles conhecem e amam o que está fora, o exterior: o cabelo, o corpo, os dentes,
a pele e até a pelve, mas de onde esta pessoa vem, qual sua história, aliás
a história vale tudo, ela diz quem sou, o que penso e sinto, e se sofri demais ou
recebi demais, vou cobrar da pessoa mais próxima e vou cobrar com juros.

"A nossa vida não tinha dentro."

O casal precisará reconhecer e buscar com todas as suas forças o diálogo, seja na cozinha, na sala diante de um filme, quando estão atarefados com os filhos, com a ida para o trabalho... mas principalmente ao puxar duas cadeiras, e olhando nos olhos perguntar: "quer dizer agora o que te faz sentir assim?"

Estava lendo um poema de Fernando Pessoa "Na Floresta do Alheamento" e escrevi um pouco do muito de nós mesmos ainda não percebido.

Um comentário:

  1. O diálogo tem uma participação marcante em família bem sucedidas.
    Proangelamaria

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